Revejo-me neste lugar
Olho pela janela, ocioso
Invejo o sossego despreocupado que me envolve
Reparo no espantalho estranhamente plantado
Vejo as pedras lisas, arrancadas pela erosão do tempo
Na sombra irregular das oliveiras
Que há tempos me davam aconchego
Ouço o vento teimoso que continua a soprar
Leva consigo um pouco do meu passado
Faz ondular o mar amarelo de ervas daninhas
Douradas pelo sol implacável do verão
Ouço as velhas casas a gemer de saudade
Sem luz e sem cor, abandonadas
Ansiando pelo retorno de vidas passadas
E fico-me pelos caminhos, agora sem uso
Percorro-os, errante, à espera de encontrar
Um sinal do tempo que dantes era meu
Nas velhas pedras gigantes à beira-rio plantadas
Polidas e gastas pelas brincadeiras de infância
Ao longe vejo que o horizonte não mudou
Foi aqui que a minha vida começou.Um pequeno excerto daquilo que algns lugares significam para mim... Como em tudo na vida, os lugares e as pessoas vão-nos marcando. Contudo, os lugares, apesar de se modificarem, permanecem no mesmo sítio.
Quem me dera que algumas pessoas fossem lugares...
como sabes, tb eu partilho esse lugar transmontano que tão bem evocaste e por isso as tuas palavras permitiram m olhar mais 1 vez para esse espaço.
PS- as pessoas são tb lugares, mas lugares nas paredes da memória