Tempo de qualidade?

Costumava pensar que, para sentir que o tempo que passava com os meus amigos só era aproveitado se estivessemos a fazer um monte de diferentes coisas, ir a diferentes sítios só para dizer que tinhamos ido, actividades desse género.

Mas haverá melhor do que reunir alguns dos nossos amigos numa sala, num quarto, no meio do chão alcatifado, e falar de tudo e de nada, deixar as palavras fluirem, sem medo de julgamentos ou juízos de valor, enfim, revelar um pouco de nós e ouvir o que os restantes têm para dizer... Numa palavra, criar uma certa intimidade, pois acho que é um veículo muito poderoso de aproximação entre pessoas que adoram estar na companhia dos verdadeiros amigos...

Patilhar experiências, histórias, contos de fadas, sonhos e pesadelos, dúvidas de adolescentes, e tantas coisas mais... Ou mesmo ter um tempo a sós com um amigo, e ficar na conversa até às tantas da manhã, procurando descobrir pontos em comum e em desacordo, discutir sobre quase tudo, enquanto sentimos que a presença da pessoa naquele momento nos faz sentir na nossa pele...

Como vêm, tempo de qualidade é sentirmos a presença das pessoas no momento, a sua energia, e deixarmo-nos absorver por essa energia, desejando que esse momento nunca acabe ou que pelo menos se repita vezes sem conta noutros momentos...

Ter conhecido melhor certas pessoas, que se revelaram sensacionais, principalmente durante a queima deste ano, permitiu que me sentisse eu próprio comigo mesmo, pela primeira vez na minha vida. Sinto que me deram umas asas que me permitem sobrevoar a realidade, apercebendo-me mais naturalmente daquilo que está por trás de tudo... Descobri que o superficial das coisas me mantinha cego e recostado, e tomei plena consciência que fiz amizades para o resto da vida, que apena se podem fortalecer de hoje em diante...

Às vezes sinto, contudo, que me prenderam os pés e as mãos por cordas, e que me puxam simultaneamente em todas as direcções, com a mesma força, e fico sem saber para que lado hei-de me deixar levar... A espontaneidade à qual sempre procurei ser fiel, por vezes não me deixa nas melhores das situações com as pessoas que me dizem muito, e sou muitas vezes mal interpretado.
Por isso hoje me venho questionando se vale mesmo a pena alguém ser espontâneo ao ponto de magoar alguém, pelo facto de ceder à força de uma das cordas que me puxa...

Nem o meu último desejo é magoar qualquer um dos meus amigos, por isso deixo o meu apelo para que me compreendam verdadeiramente. Sou aquilo que sou, e sinto que sou amado pelo que sou, não me façam sentir que devo mudar isso...

Pois é, vou inaugurar o meu blog com esta mensagem muito original ;)