Já vai fazer 3 anos que tenho este blog. Decidi criá-lo na altura, confesso, porque era moda, porque toda a gente tinha. Olhando para trás, vejo que perdi algum tempo em posts "lamuriosos", com frases frias e dirigidas... Se na altura me serviram? Talvez. Será que me fizeram sentir melhor? Sem dúvida... ou então nem por isso.
Tenho na memória os tempos em que senti que o sofrimento me consumia. Foi talvez das alturas mais difíceis da minha vida. Sofrer porque gostamos de alguém é talvez o sentimento que mais consome, e a mim consumiu-me. Deitou-me abaixo, tentou destruir-me. É o sentimento mais ingrato que pode existir.
Várias vezes parei para pensar e tentar fazer uma avaliação da pessoa que sou. Tentei realmente colocar-me fora de mim e ver se gostaria de me conhecer, se gostaria de passar tempo comigo, se seria uma boa companhia, se daria os conselhos mais acertados... Tentei mas não consegui. Percebi que talvez isso estivesse reflectido nas pessoas que gostam de mim, e acho que é verdade. Não seria metade do que sou sem a minha família, sem os meus amigos :)
Hoje, acho que devo ter tomado a atitude certa. Se olhar pela janela, vejo que as folhas ainda caem das árvores, que as pessoas ainda continuam à procura dos presentes de Natal, que ainda continuam na estrada os maus condutores que atrapalham o trânsito, que amanhã afinal tenho aulas... Nada mudou. A vida não pára. O tempo não pede permissão para continuar a passar. O que está feito, não será desfeito.
Deal with it!
E hoje, mesmo com o coração destroçado, com mágoa e tristeza, ainda consigo sentir um resquício de esperança que TU estejas aí. Ainda consigo espreitar por baixo da porta e ver a tua sombra, ouvir os teus passos... Sinto-te por aí algures. É isso também que me faz continuar.
Talvez nunca saberei porque razão temos de sofrer tanto ao longo da vida... Talvez para lhe dar algum sentido? Hmmm... É bem capaz de ser isso. Acredito mesmo que seja isso.
Mas... Esperem...
Uhmmm... Já sinto o cheiro do pão quente das pastelarias de manhã... Já consigo ouvir os carros por cima das poças de água, cheios de pressa. Vem-me à memória o cheiro das castanhas assadas, numa tarde de Outono de devaneios pela minha cidade... Chega-me à memória o silêncio imaculado das noites de Verão passadas nos meus avós... Começo a ouvir, ao longe, o som da carrinha dos gelados que vinha ao sábado, e nós parávamos todos de jogar ao esconde-esconde (mas que saudades de jogar ao esconde-esconde...). Surpreendo-me com o som de uma gargalhada inesperada. Sento-me a ver o crepitar da lareira quando mais ninguém se parece importar. O frio a enregelar-me a pele.
Fico feliz por ainda sentir a
comichão de tudo aquilo que me rodeia, de ter o privilégio de absorver tudo à minha volta. De saber que posso tentar ser feliz...
Tudo isto me faz sorrir! E a vocês? :)